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sábado, 30 de março de 2024

PORQUÊ PODAR, O QUE PODAR, QUANDO PODAR

PORQUÊ PODAR:

É comum ouvir-se dizer a quem tem árvores de fruto que tem medo de podar as árvores e que elas morram ou mesmo, ouvir alguém dizer que as árvores não se podam. Vamos desmistificar e simplificar.

A poda deve ser realizada em fruticultura, sim. Para saúde da própria árvore e também para regular a produção, melhorar a qualidade dos frutos e proporcionar à árvore um equilíbrio entre frutos e vegetação, facilitando que haja uma boa distribuição de frutos por toda a árvore. A poda das frutíferas permite aumentar consideravelmente a sua produção. Ao mesmo tempo que se pretende melhorar a penetração da luz e o arejamento da copa, para evitar pragas e doenças. A poda pretende, portanto, aproximar a frutificação da estrutura da árvore, de forma a que os frutos recebam mais seiva e assim, transformar gomos foliares em gomos florais.

Uma frutífera não podada, vai crescer de forma desorganizada, com ramos mal colocados ou mesmo tortuosa. A copa fica mal iluminada porque fica com muitos ramos no interior da planta que vai dificultar a entrada de luz e criar zonas pouco arejadas, ninho perfeito para fungos. Os ramos frutíferos vão ser muito compridos, quase todos despidos de frutos e depois na ponta dos ramos uns frutos, pequenos, mirrados e por vezes até amargos. Além disso, vai crescer demasiado, em altura, ficando os frutos do topo inacessíveis à colheita. As árvores de fruto, não devem ter mais de 2,20 m-2,50 m para se poderem colher todos os frutos e para que estes não fiquem muito pequenos por receberem menos seiva.

Dito isto, há a considerar que nem todas as árvores se podam da mesma maneira. Há 3 tipos de poda e consoante o objetivo que temos podam-se coisas diferentes:

  1- A poda de formação

  2- A poda de manutenção:

           - A poda de Inverno

           - A Poda Verde
                 
                 * Poda de frutificação

3- A poda de rejuvenescimento ou de regeneração (para árvores mais velhas ou que tiveram longos anos sem poda).

QUANDO PODAR:    

A época de poda varia consoante se trata de árvores de folha caduca ou de folha persistente. Há ainda a poda verde que serve para ambas.


Árvores de folha caduca - Podam-se durante o período de seiva descendente, quando a árvore já não tem folhas. Realiza-se no Outono-Inverno (de Novembro a Março), sendo por isso chamada a poda de Inverno ou poda seca. Em regiões frias e em que gela deve haver o cuidado de realizar a poda fora da época de gelo ou dias muitos frios ou de ventos fortes, neste caso pode fazer-se mais tarde, mas sempre enquanto dura o período de seiva descendente. É nesta altura que se fazem as podas maiores e se corrige a estrutura da árvore quando for caso disso. É a época de poda para pereiras, macieiras, cerejeiras, romãzeiras, ameixeiras, pessegueiros, diospireiros, marmeleiros, alperceiros (damasqueiros), mirtilos, groselheiros e framboeseiros.

Árvores de folha persistente - Realiza-se após a colheita dos frutos mas ainda antes dos gomos (olhos) começarem a abrolhar. Durante o período de repouso vegetativo. Evitando, os dias frios, ventosos ou de geada. É o caso de citrinos, abacateiros, medronheiros e oliveira.

A poda verde - Realiza-se do inicio de Junho até meados de Agosto (a partir daí é muito menos eficaz porque a seiva começa a baixar), quando a árvore está repleta de folhas e ramos novos. A poda verde atua apenas nos ramos do ano corrente. Não se toca no prolongamento da estrutura da árvore, isso é feito na poda de Inverno. Não tente fazer a poda verde toda de uma só vez. Isso poderia desequilibrar a árvore. Prefira uma por mês, assim dá tempo a que os novos ramos se desenvolvam o suficiente para poder podá-los. Se não tiverem ainda o comprimento desejado quando vai podar espere um pouco mais, deixe esses ramos para a próxima vez.

A poda de frutificação - Realiza-se durante a poda verde, nos ramos que têm fruto. Serve para concentrar a seiva nos frutos, eliminando folhas em excesso após os frutos.

RECONHECER OS ORGÃOS DA PLANTA:

Para podarmos uma planta, precisamos reconhecer os seus órgãos para sabermos o que estamos a fazer e compreendermos melhor a biologia da árvore. Temos que distinguir dois tipos de órgãos:

1 - Orgãos vegetativos: São aqueles que produzem ramos e folhas:
      
      - Gomos foliares (os que vão dar origem às folhas)
      - Gomos mistos (vão dar origem a ramos e folhas, na fase adulta da planta, também originam flores)

Na fase juvenil, as árvores apenas produzem folhas e ramos.

2 - Órgãos de frutificação:  São os órgãos que darão origem aos frutos (fase adulta):

          - Gomos florais (vão dar origem a flores que, darão origem aos frutos)

           - Gomos mistos (vão dar origem a folhas, ramos e flores)

O QUE PODAR:

A direção do ramo que vai crescer após a poda é inteiramente determinada pela orientação do gomo (olho) sobre o qual o corte foi feito. Se erramos o gomo, o ramo crescerá numa direção não desejada. Recuperar deste erro exige tempo e paciência. Dá mais trabalho do que acertar logo na direção do olho.

Se podamos acima de um gomo virado para o interior da árvore, o ramo que daí sairá vai crescer para o interior da árvore e terá de ser mais tarde cortado. O mesmo acontece se podamos acima de um gomo virado para baixo, o ramo que ele produzir vai crescer para baixo e terá de ser depois eliminado.

Portanto a poda faz-se sempre acima de um gomo virado para o exterior.


1 - Poda de formação - Realiza-se durante os 3 a 5 primeiros anos da árvore. O objetivo é ajudar a árvore a criar uma estrutura equilibrada que possa suportar o peso dos frutos e obter uma copa bem formada. Vão-se escolher os ramos que constituirão a estrutura da árvore que se vão podando até obtermos o esqueleto desejado, consoante a forma escolhida, que aguente o peso dos frutos sem quebrar. Cortam-se também os ramos ladrões, madeira morta ou doente, se houver. Nesta fase, a produção de frutos não é importante.

O primeiro ramo da estrutura da árvore deve situar-se, preferencialmente, do lado oposto ao ponto de enxertia.

Poda de manutenção - Pratica-se num sujeito adulto. O principal objetivo é garantir a saúde da árvore e a frutificação. E assim, regular a produção, melhorar a qualidade dos frutos e proporcionar à árvore um equilíbrio entre frutos e vegetação, e uma boa distribuição de frutos por toda a árvore. Ao mesmo tempo que se pretende melhorar a penetração da luz e o arejamento da copa, para evitar doenças. Quanto mais iluminação a árvore receber e mais arejamento, mais frutos dará e menos doenças a atingirão.

- Poda de Inverno - Tem o efeito de estimular o desenvolvimento vegetativo da árvore. Portanto poda-se madeira morta, madeira doente, ramos mal colocados, ramos ladrões e reduzem-se os ramos que deram fruto (ver páginas de poda para cada fruteira). Reduz-se o prolongamento dos ramos estruturais em 1/3 do seu comprimento. Podam-se os ramos frutíferos acima de um determinado numero de gomos, consoante a espécie de cada árvore. Umas podam-se a 5 olhos, outras 6, 7 (ver páginas de poda de cada frutífera do lado direito do ecrã, na rubrica FRUTÍFERAS). Não se deve podar mais de 30% para que a árvore possa retomar o ritmo na Primavera e viver saudável.

- Poda verde - Tem o efeito de inibir o desenvolvimento vegetativo e favorecer os ramos frutíferos a desenvolverem-se mais que os ramos secundários. Tem como objetivo aumentar a quantidade de seiva, nos gomos na base dos ramos para que se venham a transformar em gomos florais no ano seguinte. Portanto, para aumentar as hipóteses de frutificação no ano seguinte. Contudo, têm que ser podados com o comprimento certo para não se transformarem em ramos vegetativos (ver páginas de poda de cada frutífera).  Mas não se toca no comprimento dos ramos estruturais. Isso é feito na poda de Inverno.
- Poda de frutificação - É a poda que se faz quando os frutos estão pequenos e os ramos ainda estão verdes, sobretudo em frutíferas que frutificam nos ramos novos do ano. Vai fazer com que os frutos sejam maiores porque a seiva que ia até ao topo dos ramos, após esta poda, vai-se concentrar mais nos frutos. Poda-se 2-4 folhas após o último fruto. Também se retiram frutos em excesso, após a queda fisiológica, caso seja necessário e frutos doentes. (ver o post PODA VERDE EM IMAGENS).

Poda de Rejuvenescimento - Tal como o nome indica, o objetivo é rejuvenescer, regenerar uma árvore antiga ou que esteve muitos anos sem podas. Chega a um momento que uma árvore sem poda e sem limpeza é um emaranhado de ramos. Envelhece e quase já não dá frutos. Precisa de ser cuidada, tratada, podada e adubada. Poda-se de forma a recuperar a estrutura que a árvore tinha originalmente e poda-se madeira morta, madeira doente, ramos que se cruzam, ramos ladrões, e reduz-se o comprimento dos ramos novos que serão portadores de frutos.
 

Esta poda é feita durante o período de dormência da árvore. Depois, pratica-se a poda de Inverno e a poda verde, regularmente, todos os anos. Esta regeneração da árvore vai-se fazer em 2 ou 3 anos, não se pode fazer tudo de uma vez. Entre cada poda, a árvore vai recuperar e responder à poda feita. Ela também nos vai ensinar o que pode ser feito e o que podemos esperar. Temos que respeitar o seu ritmo. É indicada para pomares envelhecidos, abandonados, sem tratamento durante muito tempo mas cujo tronco e ramos ainda têm vigor e são capazes de responder a essa poda.

COMO PODAR ?

- Primeiro que tudo, todo o material de corte tem que ser desinfetado (com álcool ou então com uma solução de lixívia - 1 parte de lixívia/5 partes de água), entre cada árvore para evitar transmissão de doenças. 

- As tesouras de poda têm que estar muito bem afiadas.

- Tenha uma tesoura de poda para ramos finos (pequena) e uma tesoura de poda para ramos mais grossos (mais comprida). Se for um ramo bastante grosso tem que ser cortado com um serrote de poda (lâmina para podas verdes). 

- Quando as tesouras de poda estiverem longo tempo sem uso, convém que as lâminas sejam untadas com óleo (de cozinha) ou produto próprio, fechadas e a cabeça da tesoura de poda, envolta em papel de jornal para não enferrujarem, sobretudo em regiões húmidas.

- A parte sem lâmina da tesoura de poda fica para baixo, a lâmina fica na parte de cima do ramo a podar.

- Comece por observar a árvore que pretende podar. Não tenha pressa. Observe bem a estrutura da árvore começando pelo pé da árvore e vá subindo. Observe a forma dela. Está formada em de taça; em fuso; em pirâmide; é uma forma em espaldeira. Observe cada ramo estrutural e os diversos órgãos vegetais ao longo deles. Tal análise vai permitir fazer uma seleção do que vai podar ou deixar ficar.

- Observe então aquilo que necessita de ser podado e execute um corte limpo para que a cicatrização seja rápida e perfeita.

- Os cortes têm que ser limpos (por isso as tesouras de poda têm que estar afiadas) e com uma inclinação de 30-45º graus, no sentido oposto do gomo para que a água da chuva escorra e não se acumule no ramo.

Não pode demasiado perto do gomo, pode a cerca de 1 cm depois deste.
Fig. 1 - Corte correto


Imagem: Adaptada de https://www.brico.be/fr/tips/garden/pruning

domingo, 24 de março de 2024

Benefícios do Girassol na horta

 Benefícios na horta

Atraem polinizadores e pássaros

O néctar do girassol tem um elevado teor proteico e de alta qualidade que é muito apreciado pelas abelhas. Depois de beberem o néctar da flor, viajam para outras plantas e culturas na horta e polinizam-nas.

Também atraem pássaros que procuram as sementes. Estes pássaros não vão deixar escapar a oportunidade de diversificarem a sua ementa. Vão também comer insetos e lagartas prejudiciais.

Os insetos prejudiciais podem aparecer e instalar-se nas flores. Para equilibrar as coisas, pode sempre semear por perto plantas que os pulgões detestam como alho, cebolinhas, cebolas, hortelã e petúnias. Ou então, plantas que os pulgões adoram como a capuchinha.

Por vezes algumas culturas da horta são suscetíveis de serem atacadas pelos pássaros. Os girassóis podem servir como distração uma vez que eles ficam distraídos com as sementes. Se quiser, pode deixar as cabeças do girassol depois de secas num local da horta. Ou então, pode retirar as sementes e coloca-las num alimentador de pássaros. Os pássaros vão agradecer o banquete.

Barreira contra o vento

Se a sua horta está exposta a ventos predominantes fortes, os girassóis podem dar uma preciosa ajuda. Plante-os em linha do lado da horta donde sopram os ventos. Quando atingem o seu pleno crescimento, os caules são bastante resistentes e aguentam o vento. Escola variedades de grande porte para este efeito.

Fornecem sombra

Os girassóis podem ser usados para beneficiar algumas culturas que gostam de alguma sombra em especial nos períodos em que o sol é mais implacável como é o caso da alface, o espinafre, o pepino e outras. As sombras que os girassóis proporcionam têm ainda outra vantagem. Vão impedir que o solo seque muito depressa e isso vai ajudar a reduzir o consumo de água naquela região da horta.

Usados como estacas vivas

Os caules do girassol, em especial os de grande porte, são muito fortes e podem ser usados como auxiliar para algumas culturas. Pode parecer fora do comum, mas algumas plantas de trepar como o feijão-verde, as ervilhas e as abóboras conseguem crescer em volta dos girassóis. Esta sugestão é útil se na sua horta estiver a lutar com o problema da falta de espaço.

Ajudam na limpeza de solo contaminado

O desejo de ter uma horta pode levar-nos a “agarrar” qualquer pedaço de terreno que possamos arranjar. Em especial nos meios urbanos, podemos desconhecer os usos que aquele espaço teve no passado. Assim, pode acontecer que o solo da sua horta esteja contaminado com metais pesados ou toxinas.

A investigação mais recente coloca o girassol na categoria das plantas que são conhecidas como auxiliares na “fito remediação”, um processo que emprega vários tipos de plantas para remover, transferir, estabilizar e / ou destruir contaminantes no nosso solo, água e ar.

Uma vez que o poluente entra no sistema interno das plantas, eles podem ficar armazenados nas raízes, caule e folhas. Este processo é mais eficaz em locais que possuem baixas e médias concentrações de poluentes.

As plantas devem ser destruídas quando apresentarem um aspeto menos saudável. Cuidado. Se tiver duvidas sobre a os níveis de contaminação do solo da sua horta não cultive nada sem primeiro analisar o solo.

Comestível

Sim. (pétalas e sementes)

Uso medicinal

Sim.